Oscar, pai de Louie tinha um semblante sofrido. Calado na maior parte do tempo durante o dia, executava suas tarefas com blasfêmias e reclamações. Havia um momento no qual Oscar abria de fato seu coração; no auge da noite quando a bebida alcóolica ingerida atingia o ápice favorável a fala e ele começava seus longos discursos nos quais relembrava a infância triste e sem amor que havia tido. Oscar vinha de uma família muito pobre. Com muitos filhos e sem condições financeiras seus pais acabaram por entregar alguns de seus irmãos a parentes e conhecidos. O pai de Oscar, Elgen, diante das visitas que compareciam em sua casa, pedia para que Oscar trouxesse-lhe uma vara seca, sem folhas e galhos, guardada especialmente para as surras que sempre vinham por um motivo ou outro ou sem nenhum, o que acontecia com frequência; e a entregasse em mãos para que ele com sua soberba arrogância utilizasse-a batendo em seu filho em frente a visita para deixar claro que seus rebentos respeitavam-no e obedeciam-no mesmo sabendo que aquela vara que traziam era para a surra que levariam em seguida. Oscar, cansado de tanta injustiça, abandonou o lar com apenas oito anos de idade e tornou-se morador de rua por dois longos dias. Uma criança de oito anos deveria estar em seu lar aconchegante, em sua cama quentinha, saciado da fome física e da fome de amor. Amado e protegido pelos pais, nos braços calorosos da mãe. Para Oscar isto tudo não passava de um conto de fadas. Com fome, frio, dormiu por duas longas noites no chão embaixo de uma pequena ponte cheia de lixo e entulhos de sua humilde cidade. Mas o destino quis que Oscar tivesse um pouco mais de amor e seu padrinho de batismo, George, ao vê-lo em situação tão deplorável e apesar de não ter muitos recursos financeiros e também ter seus próprios filhos, levou-o para sua casa e deu a ele um lar. Oscar amava o tio pela oportunidade de uma nova vida. Foi imensamente grato e ajudava nas tarefas da casa sempre que podia. Arrumou um trabalho em um engenho de arroz e mesmo sendo tão novo, tinha apenas oito anos, com o pequeno salário que recebia colaborava com as despesas da casa do tio e apesar de todo o sofrimento causado por seus pais nunca deixou de procurá-los e ajudá-los com algum trocado.
A mãe de Oscar, Olinda, era uma mulher muito egoísta. Quando cozinhava alimentava-se primeiro e o que sobrasse, se sobrasse, os filhos poderiam alimentar-se. Das injustiças e maldades cometidas por seu marido Elgen, ela esquivava-se e acabava por não defender os filhos. Conhecendo o marido, provável que apanharia junto caso falasse algo. Foi neste ambiente que Oscar cresceu. Tornou-se uma pessoa triste, desolada. Oscar chegou a juventude. Permanecia somente trabalhando. Muito cedo largou os estudos. Percebeu que em sua cidade natal não teria grandes oportunidades de crescer na vida. Almejava tudo que não havia tido. Juntamente com seu primo Henry, foram de encontro ao seu sonho e mudaram-se para outra cidade. Pela primeira vez a vida parecia sorrir para Oscar. Ele e o primo estavam felizes e trabalhavam pesado durante o dia na construção civil e a noite para relaxar bebiam tragos até adormecer. Um dia em um bar, Henry que era muito bem humorado, fez uma graça em um jogo de cartas de um conhecido, este sacou a arma e disparou-a contra ele acertando em cheio o pulmão. Henry veio a falecer minutos depois. Oscar não podia acreditar no que acabará de acontecer. Enterrou o primo e entorpeceu-se de álcool nas noites seguintes e dia após dia permanecia com beberagem para acalmar o coração, ao menos essa era a desculpa que ele criara para si mesmo. O tempo passou e ele decidiu estudar a noite. No curso ele conheceu Linda. Depois de muitas tentativas ela aceitou sair com ele. Namoraram, casaram. E desta união veio Adrian e algum tempo depois, Louie.
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