Louie
nasceu em meados dos anos oitenta. Sua família esperava-o com todo o amor. Ao
menos era assim que deveria ser. Com conflitos violentos dentro de casa, foi
assim que Louie, um garoto franzino de olhar triste nasceu. Passou a infância
sem ser compreendido por sua maneira incomum de viver. Ficava aos cantos
observando as atitudes e falas daqueles que o rodeavam. Foi assim que conheceu
a hipocrisia e decidiu no fundo de sua alma, mesmo sem ter plena consciência
disto que não seria assim. Tantas máscaras cercavam-no que até o início da vida
adulta alguns conseguiram ludibriá-lo. Louie era o tipo de pessoa que ao
conhecer alguém conseguia enxergar o fundo de sua alma. Praticamente nenhum
trejeito passava-lhe despercebido. Até o mais ínfimo detalhe daquele ser ele
conseguia ler com facilidade. Era como se quase todos andassem despidos e por mais
que tentassem ocultar-lhes determinadas sombras era impossível fazê-lo. Algumas
pessoas eram demasiadas interessantes, pois com o passar do tempo Louie
percebeu como se um escudo envolvesse-as dificultando a leitura correta de suas
verdadeiras identidades. Mas como a verdade sempre vem à tona, as máscaras
usadas com tamanho afinco uma hora ou outra acabam por deixar o indivíduo
exposto e era exatamente o que acontecia.
Louie
era diferente das outras pessoas. Um estranho no ninho. Cresceu sem conhecer
outros como ele. Era esculachado, incompreendido, deixado de lado. O que mais
entristecia Louie era quando atitudes assim partiam da própria família. Eles
viam-no como um problema, uma criatura difícil de lidar. Não estavam preparados
para alguém como Louie que estava à frente do seu tempo na forma de ser e
pensar. Louie era como um espelho que captava as imagens distorcidas das pessoas e refleti-as com sua verdadeira face. Era temido e odiado por isso.
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